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Cloverfield, Lost, Bruxa de Blair e o “novo” jeito de fazer entretenimento

Ao contrário do que o título deste post possa indicar, eu não gosto de filmes apocalípticos e, muito menos, de filmes de terror. Então, Cloverfield e Bruxa de Blair passam longe do meu “top 5 movies”. Pra completar, sou uma das poucas pessoas do mundo que não assiste Lost. Mas gosto das discussões que eles geram (geraram) e dos caminhos que traçaram, mostrando esse jeito “novo” de fazer entretenimento.

Ia fazer um texto sobre isso, mas aí lembrei desse e-mail que o Alê me mandou logo depois que assistimos Cloverfield e que fala muito bem disso. Então, com a devida autorização, copiei o e-mail aqui:

“Pois é, Clau, cheguei em casa e foi meio impossível resistir a tentação de procurar mais sobre o filme. Já tinha fuçado um pouco antes no ARG que o antecedeu, mas a correria não tinha me deixado ir muito longe. Bom, a investigação durou a madrugada e acabei me deparando com um monte de conteúdo complementar ao filme. Nada que fosse essencial para o entendimento conceitual do roteiro, mas, sem dúvida nenhuma, eram coisas muito interessantes e que acabaram tornando minha experiência com o filme muito mais rica.

Claro que ARG já é algo quase-comum, mas, como tudo na vida, existe o bem feito e o mal feito. E, pra mim, se tem um cara que anda aproveitando bem todo esse lance de novas mídias é esse tal de JJ Abrams. Admito ser um pouco suspeito falando dele, por ser um fã confesso, radical e briguento de Lost, que ele produz. Mas a própria série é um exemplo claro de bom uso das trocas de realidade. Lost experience, o primeiro ARG da série, lançado na segunda temporada, se não me engano, foi ótimo. Com direito a invasão e retirada dramática da personagem na comicon acusando atores e produtores de complôs malignos contra humanidade. Posso ser bobo, mas acho bem legal o filme ou a série não acabar quando desligo a TV ou saio do cinema. Até por que, você bem sabe, raramente isso acontece comigo, ruim ou bom, o filme sempre acaba virando motivo de longos pensamentos ou de preferência, longas conversas. O mesmo vale para o começo. De novo, posso ser bobo, mas, não é legal assistir a uma história já devidamente imerso nela? Me lembro da primeira vez que isso aconteceu comigo e o tanto que isso me marcou. Faz um tempo já, foi com Bruxa de Blair. Entrar no site, ver as entrevistas com as famílias que perderam os filhos, com o acusado dos assassinatos, ler as pistas, as lendas. Foi fantástico e, com certeza, essencial para minha excelente relação com o filme.

O que quero dizer é que acho que, em termos de experiência, talvez só lançar o filme no cinema tenha ficado obsoleto (pelo menos para bobos como eu). Alguma relação com o mercado em que trabalhamos? ;)

Faço dessas as minhas palavras :) Concordo muito. Não dá mais pra pensar só cinema ou só site ou só tv ou só-qualquer-canal-que-seja.
Não é só que o jeito de fazer entretenimento mudou. O ponto é que, como espectadores, o nosso jeito de consumir entretenimento está diferente também. Cloverfield, Lost, Bruxa de Blair… ainda que não goste do estilo dessas histórias, gosto das experiências que proporcionam. E, vocês sabem, it’s all about experience ;)

Cinema com lugar marcado

Taí uma coisa que sinto falta de São Paulo. Poder comprar o ingresso e escolher o lugar onde quero sentar. E poder decidir não ir se só tiver lugar nas primeiras filas, por exemplo.

Adoro cinema, mas se tem uma coisa que me estraga o humor é aquele tumulto na entrada da sala, ter que ficar na fila um tempão antes do início dos filmes mais concorridos, as pessoas correndo desesperadas para pegar um bom lugar. Concorda que isso prejudica muito a experiência? E que não tem o menor sentido?

Foi o recurso de reserva de lugar que me fez voltar a freqüentar o Kinoplex no Itaim. E, antes dele, o Cinemark do Iguatemi. Antes disso, privilegiava salas grandes ou filmes menos badalados. Ou seja, se mapeassem o meu “modelo mental” para ir ao cinema, este ia ser, certamente, um dos pilares de decisão.

Achei que isso era meio um senso comum. Pra mim, é um recurso tão óbvio, que faz tanto sentido. Por isso, me surpreendi hoje. Estava fazendo uma pesquisa rápida na web pra ver os países que adotam o sistema, e encontrei várias reações negativas na Austrália porque a rede de cinemas BCC implementou o “seat allocation” em Janeiro agora.

“So long BCC, it’s been nice, but don’t expect the people in my group to return until this stupidity is removed and people can make their own decisions as to where they want to sit.”

Juro que não entendo. Nada mais justo que privilegiar quem comprou antes. Certo?